Breve comentário do livro "A literatura em perigo”.

A literatura em perigo

Em seu livro “A literatura em perigo” Todorov narra sua trajetória estruturalista em relação à literatura e mudança na forma de analisa-la ao longo do tempo, ele critica o ensino nas Universidades e escolas baseadas somente na forma e estrutura do texto como: a que gênero ele pertence, como foi estruturado, seu estilo entre outros sem dar a devida importância para o que o autor deseja passar ao leitor sobre a vida, o que ele chama de “Uma concepção estreita da literatura”, pois não contextualiza o todo e somente as partes.
O autor diz que o ensino deve criar meios para que a literatura não seja entendida somente por especialistas, pois segundo Todorov “a literatura permite encontrar um sentido, entender o homem e o mundo” (TODOROV, 2007, p.32). Podemos observar que os escritores são sensíveis e conseguem transformar em palavras nossos sentimentos, sensações e desejos, como se fossem uma câmera fotográfica transportam para o papel as imagens imbuídas de vida e ao lermos estas palavras descobrimos e nos redescobrimos como pessoas melhores.
Mas como nasce a literatura? Como explicar o inexplicável que se passa na mente de um artista, para Todorov(1999, p.22)  “A literatura não nasce no vazio, mas no centro de um conjunto de discursos vivos, compartilhados com eles numerosas características”. Cabe ao leitor durante o percurso da viagem interagir com esses discursos e características, cada ser humano é um mundo com visões e pontos de vistas diferentes, porém a literatura nos reaproxima e aproxima nossas visões de mundo “A literatura abre ao infinito essa possibilidade de interação com os outros” (TODOROV, 2007, p. 23,24).
Através da arte podemos interpretar o mundo, construir formas no informe, e se formos educados por ela, descobriremos novas visões de mundo, de coisas e dos indivíduos a nossa volta. (TODOROV, 2007, p.65), pode-se perceber a critica do autor à forma que a literatura é ensinada nas escolas, concentrada apenas na estrutura do texto, nas figuras de linguagem, a ideologia, composição, formas narrativas e etc. Ele diz que não é possível ensinar somente desta forma e que o ensino nas universidades deve ser diferente do ensino médio, devem ter focos diferentes, o País deve ter politicas de ensino diferentes e mais vontade politica de nossos governantes para que a “literatura saía do perigo”.

CONCLUSÃO


Todorov nos faz enxergar através de suas reflexões do antes e depois que escrever é uma arte, que as formas, cores e curvas que o autor entende inserir em um texto é revelada apenas sob a justificativa de propiciar o leitor uma viagem à sua imaginação, isso acontece com o escritor também, ele viaja na imaginação alcançando um milagre, Guimarães Rosa disse que: “quando nada acontece, acontece um milagre que não estamos vendo”, deve ser por isso que cada escritor ao fazer sua obra se torna eterno, “ mesmo que por segundos apenas, “eterno é tudo que dura uma fração de segundo mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força é capaz de destruir” copio as palavras de Drummond de Andrade.
“Literatura em perigo” nos convida a pensar e repensar nas figuras de linguagens, na regionalidade, nos trocadilhos ou até mesmo a formação de novas palavras que provavelmente foram ou serão estudas por Etimologistas como apenas ingredientes para tornar a viagem da leitura impactante ou confortante, enfim da maneira como cada leitor deseja chegar a seu destino.
Percebemos que as formas estruturalistas têm o seu valor, mas não é o único caminho e a diferença vai acontecer quando tivermos politicas de ensino comprometidas em analisar a arte como o todo.

Referência:

TODOROV, Tzvetan.. Tradução Caio Meira. Rio de janeiro: DIFEL, 2009.


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